A revista Pesquisa FAPESP publicou neste mês de abril uma matéria sobre como a falta de recursos financeiros ameaça a realização de cursos de ecologia de campo no Brasil. A matéria inclui entrevistas com vários coordenadores de curso de campo em diferentes biomas. Você pode ler a matéria aqui.
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O Sex Lab marcou presença no 22nd International Congress of Arachnology, sediado em Montevidéu, Uruguai. Durante uma semana, a comunidade aracnológica internacional voltou a se encontrar pessoalmente para discutir ciência e socializar. A estudante de mestrado Laís A. Grossel apresentou o trabalho "Advertisement predicts male success in acquiring new clutches in a neotropical arachnid with exclusive paternal care", o estudante de doutorado Diego Solano-Brenes apresentou o trabalho "Sneaker males mimic females and deceive territorial males in a harvestman with alternative reproductive tactics" e Glauco Machado apresentou o trabalho "Within-species diversification of male genitalia? A case study with a male-dimorphic harvestman", que faz parte da tese de doutorado da estudante Bruna O. Cassettari. O congresso foi também a oportunidade dos pesquisadores que trabalham com opiliões tirarem a tradicional foto em grupo.
Acaba de sair no podcast Atiçando o Formigueiro um episódio sobre socialidade em animais. A entrevista, que concedida por Glauco Machado (USP) e pela doutoranda em filosofia Lúcia Neco (University of Western Australia), aborda conceitos e exemplos interessantes de sociedades, como foco principal nos organismos mais interessantes do planeta, os artrópodes. Para ouvir o episódio, clique aqui.
O ex pos-doc do Sex Lab, Vinícius Caldart, foi pré-selecionado para o Elton Prize de 2023, outorgado pela revista Journal of Animal Ecology. A premiação refere-se ao artigo "Function of a multimodal signal: a multiple hypothesis test using a robot frog", que foi escolhido como destaque do volume 91 (veja artigo 104 na aba Publications). Estamos na torcida para que Vini seja o ganhado do prêmio!
Solimary e eu somos grandes fãs do podcast canadense de ciência chamado Quirks & Quarks. Com frequência, comentamos sobre episódios interessantes e sempre ficamos impressionados com a capacidade do apresentador, Bob McDonald, sintetizar informações complicadas. Depois de conhecer Quirks & Quarks, fiquei com uma vontade enorme de um dia apresentar um trabalho do Sex Lab no programa. A oportunidade surgiu neste ano, quando fomos convidados a falar sobre o trabalho de autotomia caudal em escorpiões, que foi o ganhador do Prêmio IgNobel no ano passado. Foi uma entrevista divertida, que vocês podem ouvir aqui. Coincidência surpreendente: o Prêmio Nobel que nos entregou o Prêmio IgNobel foi um dos cientistas que descobriu os Quarks!
Nos últimos dois meses, participamos de algumas entrevistas e lives sobre o prêmio Ig Nobel. Foram conversas bem interessantes, que muitas vezes foram além dos artigos ganhadores do prêmio e enveredaram para temas como a situação da ciência no Brasil, a carreira acadêmica e o papel da curiosidade como motor de descobertas inusitadas. Se quiser ficar por dentro dessas conversas, visite a página dos podcasts e canais do YouTube.
So far...
Yesterday the 32nd Ig Nobel Prize ceremony took place. The PhD work of Solimary García Hernández won the award in Biology. Her study explored the implications of tail loss in scorpions. Contrary to lizards, when scorpions detach their tail to escape a predation attempt, they lose important body parts, such as the stinger (used to inject venom) and the anus. When this happens, a scar blocks the digestive system, and because the tail does not grow back, tailless scorpions suffer from constipation for the rest of their lives. To understand how scorpions cope with tail loss, we performed several experiments and found that, in the long term, tailless and constipated individuals became slower. Moreover, because it is very hard to paralyze large animals without using venom, tailless scorpions can only capture small preys. Surprisingly, the courtship of males is not affected by tail loss. Females, in turn, give birth to fewer offspring than intact females. So, the hard moments that scorpions face after tail loss are compensated by the extra time they have to reproduce. These findings shed light on the evolution of one of the most extreme and bizarre forms of defenses in nature. We thank everybody that helped us, the funding agencies, and Marc Abrahams, the funny and kind host of the ceremony. To learn more about the Ig Nobel Prize, visit this site. The Ig Nobel Prize was presented by Marc Abrahams and the Nobel Prize in Physics Jerome Friedman, whose findings helped to understand the quark model (please don't ask for more details!). Making of the recording in the SexLab. We thank John Uribe for helping with with the production, photography, recording and "special effects". We also thank Rosannette Quesada Hidalgo for lending her voice for the acceptance speech. We intend to buy a bubblegum with our 10 Trillion Dollars from Zimbabwe!
We now have an English version of the comic book we wrote to talk about the work carried out by Solimary García Hernández during his PhD. The story was written with a lay audience in mind that is interested in science. The final version of the text has been entirely revised and improved with the collaboration of Cara Giaimo, to whom we are very grateful. We hope you enjoy the story.
Treze mulheres e treze homens de quinze instituições de pesquisa e ensino superior se encontraram na Serra da Mantiqueira, de 7 a 14 de agosto de 2022, para estudar a aplicação da estatística ao estudo de populações de organismos vivos na natureza. Esta foi a quinta edição do curso de Introdução à Modelagem Hierárquica (IMH2022), do Programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que pela primeira vez foi organizado em colaboração com os Programas de Pós-graduação em Ecologia da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os professores Glauco Machado (USP), Gonçalo Ferraz (UFRGS) e Marcus Vinícius Vieira (UFRJ) foram apoiados pelos monitores Camila de Barros (UFRJ), Diego Zavala (UFRGS) e Fábio Wood (UFRGS). Dezenove estudantes vieram do norte, centro-oeste, sudeste e sul do Brasil; um chegou do Uruguai. O IMH é um curso introdutório que visa a familiarização com a linguagem e com os princípios básicos da modelagem estatística de dados de campo sobre populações de animais e plantas. O conhecimento sobre as populações se baseia em informação biológica obtida por meio de processos de amostragem inevitavelmente imperfeitos. Por isso, a principal contribuição da estatística para o avanço desse conhecimento está em representar e quantificar como a amostragem, hierarquicamente condicionada à realidade biológica, contribui para os padrões observados nos dados. Daí o nome ‘Modelagem Hierárquica’. Uma vez conhecida a contribuição da amostragem para os dados, se torna muito mais viável descrever e quantificar a incerteza sobre o processo biológico. Apesar de o curso não enfatizar instrumentação, nem especialização em um tipo particular de modelo, ele mostra aos estudantes os pontos de contato entre análises de marcação-recaptura, ocupação de sítios e contagem. A rotina didática do curso consistiu em discussão de artigos, complementada com apresentações teóricas pela manhã e exercícios de modelagem e análise de dados pela tarde. Os exercícios foram desenvolvidos no ambiente R com análises em arcabouço Bayesiano. Para acompanhar os exercícios, os estudantes aprenderam a escrever programas de computador simples e a implementar algoritmos numéricos de Markov Chain Monte Carlo no software jags. Durante a noite, os estudantes foram estimulados a apresentar seus projetos de pesquisa para receber críticas e sugestões da audiência. Sete deles se animaram e fizeram uma breve apresentação que foi seguida de uma conversa com colegas, professores e monitores. O IMH2022 teve lugar nas instalações do Instituto Alto Montana da Serra Fina, município de Itamonte, MG, em meio à maravilhosa paisagem da Serra da Mantiqueira, ao requinte culinário da Ísis, da Juliana e do Ricardo, e aos cuidados extraordinários do Paulo Pêgas, Luciana Segantin e toda a equipe de apoio do Instituto. Seria injusto não mencionar as duas gatas que asseguraram serenidade e postura zen ao grupo de trabalho, pela sua presença junto à lareira da sala de aula. Além de se familiarizar com a modelagem estatística, os estudantes conheceram a importância das mensagens de erro do R, os professores sobreviveram às perguntas mais difíceis (pelo menos até à redação deste relato), e a paisagem da serra permaneceu completamente indiferente aos nossos intervalos de credibilidade, à espera de mais uma edição do curso. Excertos de avaliações anônimas do curso pelos estudantes:
“O conteúdo da disciplina foi excelente, a bibliografia indicada é bastante relevante, e o material disponibilizado para a parte prática é muito autoexplicativo, de forma que poderemos revisar tudo com calma quando precisarmos.” “O estímulo à troca de ideias entre participantes com níveis de formação distintos (graduandos, mestres e doutores) foi fundamental para mostrar que todos estavam no mesmo barco.” “Nesse curso, tivemos a oportunidade de estudar em uma reserva sensacional, com uma comida maravilhosa e muitas conversas enriquecedoras. Essa experiência de imersão para estudar modelos hierárquicos foi muito rica.” “O curso foi um divisor de águas para mim. Cheguei (…) incerta sobre permanecer ou não na carreira acadêmica visto a situação degradante que a ciência tem passado, e o futuro cada vez mais incerto para quem está no começo da carreira. No entanto, a experiência foi indescritível, e ter passado por isso ainda nessa fase da carreira foi muito inspirador e gratificante.” |
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April 2023
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